Tendinite no Pé

São múltiplas as causas de dor no tendão de Aquiles sendo as mais comuns a tendinopatia da porção média do tendão e a tendinopatia insercional (no local de inserção do tendão de Aquiles no osso) ambas de natureza degenerativa e também conhecidas por Tendinite no Pé.

A tendinite no pé, ou mais especificamente no tornozelo, pode ocorrer por inflamação dos tendões de várias zonas – do perónio, da tíbia ou do tendão de Aquiles, por exemplo. Esta última é uma das causas mais comuns de dor no pé e no tornozelo.

Apesar da sobrecarga ao nível do tendão constituir o principal desencadeador, seja num único episódio ou ao longo do tempo, existem outros fatores predisponentes a ter em conta nomeadamente: obesidade, diabetes mellitus, lesão prévia, predisposição genética, exposição a fármacos, patologias reumatológicas, entre outros e fatores externos ao indivíduo como alteração na carga/volume de treino, recuperação insuficiente entre treinos, alteração no calçado, no caso de atletas. Nos indivíduos sedentários embora o estímulo ou a carga sejam significativamente menores, os princípios de lesão são similares.

A tendinopatia insercional ocorre geralmente em conjunto com a bursite retrocalcaneana uma vez que ambas partilham o mecanismo de lesão nomeadamente a compressão excessiva contra o calcâneo (osso do calcanhar).  Se a compressão for suficiente e durante um período de tempo extenso o tendão pode desenvolver focos de ossificação como resposta a altas cargas compressivas. 

A Tendinopatia na porção média do Aquiles manifesta-se com dor de instalação gradual na porção média do tendão, que surge geralmente no início de uma atividade ou durante o caminhar, com rigidez e dor na manhã seguinte.  No caso da tendinopatia insercional a dor será despertada/agravada nos movimentos de dorsiflexão.

Como identificar?

A tendinite no pé costuma resultar de uma lesão ou de esforço excessivo. Alongamentos inadequados antes do exercício ou movimentos incorretos durante o mesmo, podem também contribuir para o desenvolvimento de tendinite. Algumas pessoas, incluindo aquelas com pé-chato, rigidez nos tendões ou arterite, são particularmente vulneráveis ao aparecimento de tendinites.  

O tendão envolvido poderá inchar.

A dor é o sintoma mais proeminente na tendinite. Será sempre mais notória quanto maior movimento com a região afetada se fizer.

Como prevenir?

Ao fazer exercício é importante criar uma plano de treino por forma a ir aumentando de forma gradual o nível de atividade – por exemplo, organizar um plano de corrida por etapas até atingir a meta dos 5 km, ao invés de fazer essa distância toda de uma vez, pode ajudar na prevenção de tendinites.

Por outro lado, numa consulta de podologia poderão ser abordados outros aspetos: a utilização de palmilhas ortopédicas para diminuir a probabilidade de desenvolver tendinites; certos alongamentos ou exercícios para aumentar a elasticidade dos tendões e fortalecer os músculos a eles agarrados.

Tratamento

O tratamento da tendinopatia da porção média do tendão é inicialmente conservador sendo da máxima importância a identificação e correção de possíveis causas. Primariamente é necessário reduzir a carga sobre o tendão no sentido de controlar os sintomas e aos poucos ir aumentando gradualmente a carga para melhorar a capacidade do tendão. Deverão ser corrigidas limitações articulares e défices de força muscular que possam estar presentes. Um programa de exercícios que inclua exercícios isométricos a progredir para isotónicos (excêntricos e concêntricos) com cargas progressivas no sentido de recuperar o tendão à sua capacidade máxima parece ser neste momento a forma mais eficaz de tratar este tipo de patologia. Outros tratamentos não substituem o programa de exercícios e apenas deverão ser utilizados se não melhoria; são eles: a medicação analgésica, agentes físicos (ondas de choque, laser…), infiltrações (com corticoides, plasma rico em plaquetas, entre outras substâncias) e por fim a cirurgia.  

No que toca ao tratamento da tendinopatia insercional o tratamento de uma bursite concomitante não é suficiente. É necessário utilizar tal como na tendinopatia da porção média, um programa de exercícios com introdução de cargas progressivas com o cuidado de evitar o movimento de dorsiflexão (no sentido de evitar a compressão do tendão). Os estiramentos repetidos também não estão aconselhados pelo mesmo motivo.

Resumo

O primeiro passo será sempre no sentido da redução dos sintomas. Usar gelo e calor, tomar medicação e limitar a atividade física – sendo que voltar a fazer exercício mais cedo do que é suposto pode fazer com que os sintomas regressem –, ajudam no controlo da dor e na redução do inchaço: 

  • Gelo e Calor:

  • Coloque gelo na zona afetada entre 10 a 15 minutos.

  • Repita o processo várias vezes ao dia.

  • Se o problema continuar por algum tempo, utilizar o calor pode ajudar.

  • Aplique um penso quente ou uma toalha no tendão entre 20 a 30 minutos, duas a três vezes ao dia.

  • Uso de Medicamentos:

  • O médico pode receitar a utilização de anti-inflamatórios por forma a reduzir a dor e o inchaço.

  • Outros medicamentos (injetáveis, por exemplo) poderão ser uma solução em casos mais graves.

  • Tome sempre a medicação de acordo com a indicação do médico ou do farmacêutico.

  • Limitar a Atividade Física:

  • O descanso faz com que os tecidos do pé recuperem.

  • 2 dias sem atividade física pode ser suficiente.

  • Se praticar atividades de alto impacto como corrida e aeróbica, opte por outras atividades que possam esforçar menos o pé – ciclismo e natação são boas alternativas.

 

Se a dor não passar com gelo e descanso, ou se a dor continuar para lá de uma semana, é altura para procurar um médico. Não espere! Pode tornar-se num problema crónico mais difícil de tratar no futuro.

 

Referências:

1.      AMERICAN PODIATRIC MEDICAL ASSOCIATION. Tendinitis. Consultado em 2 de outubro de 2019.

2.      FAIRVIEW. Treating Tendonitis of the Foot. Consultado em 2 de outubro de 2019.

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